Para comemorar o Dia de São Pedro – de Xangô – Nzazi e Sogbo  (29 de junho ),  O GT de Trabalho Externo de Implantação do Parque Pedra  de Xangô em parceria com as comunidades de terreiros de Cajazeiras e adjacências realizará a 1ª Fogueira na Pedra de Xangô.

A iniciativa do evento é do Ilê Axé Palèomon – liderado pelo babalorixá  Josias Santos  de Cajazeias XI e conta com o apoio e participação dos seguintes terreiros: Ilê Axé Oxalufã, Ilê Axé Tumbi Odé, Ilê Axé Lodemim,  Mutalombo Yê Kaiongo,  Ilê  Asé  Obá Bábà Serè, Ilê  Asé  Obá Bábà UluFan  Ala, Ilê Axé Lodemim, Ilê Unzó katulande de Unzambe, Vodun kwe Tò  Zò, Ilê Axé Odé Aty Ya Rè, Ilê  Asé  Opó Babá Obatalá Demi,  Centro Espírita Raio de Luz.

O evento acontece nesta terça-feira (29), a partir das 9h, será transmitida  através dos  perfis do Instagram: @pedra.de.xango - @canticos_doorum - @williamdeoxala1616 – ile_ase_oba_paleomon

A solenidade tem como objetivos comemorar o dia de São Pedro e das  divindades afro-religiosas Xangô, Nzazi e Sogbo, bem como apresentar à sociedade civil  o Grupo de Trabalho criado pela Fundação Gregório de Mattos para analisar de que maneira o  município, estado e união irão contribuir  para a efetiva proteção e salvaguarda  da Pedra de Xangô e todo o seu entorno (APA – Área de Proteção Ambiental  Vale do Assis Valente e Parque em Rede Pedra de Xangô.

Ciente do dever legal de todas as esferas de poder (união, estado e município) na preservação do monumento sagrado e na implantação da Unidade de Conservação, as comunidades de terreiros convidaram para a cerimônia a promotora de justiça – Dra Lívia Sant´Ana Vaz, do Ministério Público do Estado da Bahia e o professor Fábio Macedo Velame - doutor em arquitetura e urbanismo e coordenador do grupo de pesquisa EtniCidades da FAUFBA.

O GT é composto pelos seguintes representantes:

- Fundação Gregório de Mattos -FGM: Fernando Guerreiro, Milena Tavares e Gabriella Melo;

- Secretaria Municipal da Reparação - SEMUR: Alisson Santana;

- Secretaria de Sustentabilidade e Resiliência - SECIS: João Resh;

- Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo - SEDUR: Yuri Cunha;

- Fundação Mário Leal Ferreira - FMLF: Iveline Hardman;

- Guarda Civil Municipal do Salvador - GCMS: Otonielson Reis;

- Conselho Municipal de Comunidades Negras - CMCN: Evilásio Bouças;

- Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia - SEPROMI: Ailton Ferreira e Roberta Nascimento;

- Polícia Militar da Bahia – PM Ba - Major Thiago Garcez e Capitão André Campos;

- Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA: Welton Rocha;

- Companhia de Polícia de Proteção Ambiental - COPPA: Tenente Tiago Portela;

- Grupo de Pesquisa EtniCidades - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA – FAUFBA: Maria Alice Pereira da Silva-pesquisadora.

Maria Alice Silva, autora do Livro Pedra de Xangô: um lugar sagrado afro-brasileiro na cidade de Salvador, disse que as comunidades de terreiros de Cajazeiras e adjacências  estão de parabéns porque exercem sua cidadania de forma plena e articulada, buscando sempre o diálogo na condução dos conflitos urbanos.

Explicou, ainda, que no mês de  junho, os terreiros de candomblé comemoram a fogueira de Xangô, o orixá da pedreira, do fogo, trovões, raios e da justiça. Muitos  terreiros na Bahia comemoram a fogueira no dia 29. Segundo uma das mitologias iorubanas, Oyó, cidade mítica de Xangô começou a passar por sérios problemas e Xangô veio a descobrir que seu pai Oxalá, o Orixá Funfu , esteve preso em uma de suas prisões por sete anos.

A Fogueira de Xangô - Após libertar seu pai, que estava muito machucado, Xangô pede a   Airá para  acompanhá-lo  até a cidade de Ifé. No trajeto, Oxalá sente muito frio e Airá pede para fazerem uma grande fogueira para aquecê-lo, enquanto conta histórias de Oyó para amenizar suas dores. Airá se tornará o grande companheiro de Oxalá durante a viagem e por isso ele  pede que a cada ano se faça uma grande fogueira em homenagem a Airá.

Os negros escravizados,  chegando em  terras brasileiras utilizam a festa do dia de São Pedro,  29 de junho, como uma data para homenagear Airá, que aqui passa a ser uma qualidade de Xangô.

A fogueira na Pedra de Xangô é mais uma forma de reverenciar o Orixá junto ao seu grande Otá(pedra) fortalecendo  a   rede de terreiros em defesa desse patrimônio cultural afro-brasileiro.

O ritual da Fogueira de Xangô realizado na Pedra de Xangô vai  estabelecer  ainda mais a  conexão que já existe entre a Pedra de Xangô e as comunidades de terreiros de Cajazeiras e adjacências. Daí dizer que a Pedra de Xangô é enredo, é rede, é travessia. Uma travessia que demarca território, que define lugares sagrados.

"Pedra de Xangô  centro de convergência de diversos rituais privados, semi-públicos e públicos de uma gama de comunidades de terreiros que se comunicam e se conectam em rede. Pedra de Xangô em Cajazeiras testemunho da presença, permanença e resistência da cultura e religiosidade afro-brasileiro na cidade de Salvador". Maria Alice Silva.

Compartilhe: